Religião é Veneno
A "democracia" chinesa
Autor: Fernando_Silva | Categoria: História, Sociedade, Comportamento e Filosofia | Visualizações: 147 Comentários: 2
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Fernando_Silva
2023-Setembro-12
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"Democracia" chinesa controla até as roupas que os cidadãos podem usar.

China propõe detenção para 'roupas contra espírito chinês'; críticos reagem: 'Ainda podemos zombar do Irã e Afeganistão?'


Debate sobre mudança na lei ocorre em meio a episódios de repressão policial e preconceito social contra vestimentas associadas à cultura japonesa e ao orgulho LGBTQIA+

Por Li Yuan Em The New York Times — Pequim 11/09/2023


Na década de 1980, os chineses podiam arrumar confusão por causa do jeito de se vestir. Calças boca de sino ou jeans eram consideradas “trajes bizarros”. Alguns prédios do governo barravam homens com cabelo comprido e mulheres maquiadas ou usando joias. Um patrulhamento feito por escolas e fábricas passava a tesoura em calças de bainha larga ou cabelos mais longos.


Tudo isso ocorreu no começo da era de reformas e abertura da China. O Partido Comunista estava perdendo o controle estrito sobre a sociedade, e a população estava pressionando os limites de autoexpressão e individualismo. A batalha a respeito da altura dos saltos das mulheres e do comprimento dos cabelos masculinos simbolizava esse embate.


Agora, o governo chinês está propondo mudanças em uma lei que podem resultar em prisão e multas por “usar roupas ou ostentar símbolos em público que sejam prejudiciais ao espírito do povo chinês ou firam os sentimentos do povo chinês”. O que seria considerado uma ofensa não é especificado.


O plano está sendo amplamente criticado, com especialistas em direito, jornalistas e empresários manifestando preocupação ao longo da semana passada. Todos argumentam que, se a medida entrar em vigor, pode dar poder às autoridades de policiar qualquer coisa que não aprovem. Isso poderia ser um grande retrocesso na relação da população com o governo.


"Na História da China, épocas em que a vestimenta e o corte de cabelo ganharam muita atenção correspondem a ‘momentos ruins da História’”, afirmou Zhang Sanfeng na plataforma WeChat, completando “a introdução das emendas não vem do nada. É uma resposta a sentimentos estranhos que emergem na nossa sociedade”. A publicação circulou amplamente antes de ser vetada pela censura.


Estado de vigilância

Sob o comando do presidente chinês, Xi Jinping, o governo tem uma fixação com controle — como as pessoas pensam, o que dizem online e, agora, o que vestem. A China construiu um estado de vigilância com tecnologias modernas, censurando os meios de comunicação e as redes sociais, proibindo até a exibição de tatuagens e homens usando brincos nas telas dos celulares e TVs. A camisa de força ideológica está se aproximando da esfera privada. As escolhas de roupas de cada um estão cada vez mais sujeitas ao escrutínio da polícia ou de pedestres excessivamente zelosos.


Em julho, um senhor repreendeu uma jovem em um ônibus, quando ela ia a uma exposição de Cosplay, onde muitas pessoas se vestem como personagens de filmes, livros, séries de TV ou videogames. Ele reclamou porque a moça estava usando uma vestimenta que poderia ser considerada de estilo japonês. Um segurança de um shopping, no mês passado, expulsou um homem que estava vestido de samurai. E no ano passado, a polícia da cidade de Suzhou, no leste do país, deteve temporariamente uma mulher por usar um kimono. Todos episódios ligados ao sentimento anti-japonês estimulado pelo governo chinês. Mas os confrontos vão além.


No mês passado, em Pequim, seguranças que reprimiam expressões de orgulho LGBTQIA+ impediram pessoas vestidas com roupas com a temática do arco-íris de entrar em um concerto da cantora taiwanesa Zhang Huimei, mais conhecida como A-Mei. Também em agosto, pessoas apresentaram reclamações sobre um concerto da cantora taiwanesa Jolin Tsai porque os fãs da artista exibiram luzes com as cores do arco-íris e alguns homens estavam vestidos com o que foi descrito como roupas femininas “extravagantes”. Na semana passada, a polícia repreendeu um homem que estava fazendo uma live vestido com uma minissaia.


— Um homem usando uma minissaia em público, você acha que é energia positiva — gritaram os policiais.


'Polícia da moralidade'

Se as emendas propostas, que estão abertas para consulta pública até 30 de setembro, forem aprovadas pelo legislativo, incidentes como esse podem resultar em multas de até US$680 e até 15 dias de custódia policial. A lei pode elevar a china a se classificar entre os países mais conservadores do mundo.


“A polícia da moralidade está prestes a ser lançada”, um advogado chamado Guo Hui escreveu no Weibo. "Ainda podemos zombar do Irã e Afeganistão?" Internautas postaram fotos de mulheres iranianas e afegãs usando minisaia e outras roupas ocidentais nos anos 1970, antes de seus países serem dominados por regimes autocráticos religiosos.


Muitos estão preocupados com o fato da proposta não especificar o que constituiria uma ofensa. A linguagem que usa [roupas ou símbolos que sejam “prejudiciais ao espírito do povo chinês ou firam os sentimentos do povo chinês”] segue expressões empregadas pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e por meios de comunicação oficiais para expressar descontentamento em relação a países e povos ocidentais. Ninguém sabe exatamente o que significam. Sem uma definição clara, o emprego da lei vai depender de interpretação individual de autoridades.


https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2023/09/11/china-propoe-detencao-para-roupas-contra-espirito-chines-criticos-reagem-ainda-podemos-zombar-do-ira-e-afeganistao.ghtml

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Fernando_Silva
2023-Novembro-3
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Cada vez mais chineses tentam entrar nos EUA. Este ano, com o fim das restrições da pandemia, passou de 22 mil imigrantes, 13 vezes mais que em 2022.

Conforme as instruções que circulam nas redes sociais, desembarcam no Equador e vão andando até a fronteira dos EUA, misturados aos sulamericanos.

Eles dizem que o governo está tomando suas terras e, se eles resistem, mandam soldados ou gangues agredi-los.

Também fogem da falta de liberdade e da repressão violenta da ditadura.


Quando a polícia de fronteira americana chega, eles mostram os pulsos juntos, sinalizando "Me prende!"


Fonte (com video): https://information.tv5monde.com/international/video/etats-unis-limmigration-croissante-venue-de-chine-2673949


Reportagem em português:

Aumenta número de chineses que atravessam a selva do Panamá para chegar aos EUA

Arlaine Castro 01 de novembro, 2023
Os migrantes chineses que utilizam esta rota voam para o Equador e depois seguem para norte, até à fronteira entre os EUA e o México. Foto: US Border Patrol.

Os Estados Unidos estão vendo um grande aumento no número de imigrantes chineses que chegam através de uma rota relativamente nova e perigosa através da selva de Darién Gap, no Panamá, graças em parte a publicações nas redes sociais e a vídeos que fornecem orientação passo a passo.

O povo chinês foi a quarta maior nacionalidade, depois dos venezuelanos, equatorianos e haitianos, que cruzaram o Darién Gap durante os primeiros nove meses deste ano, segundo as autoridades de imigração panamenhas. Os imigrantes chineses que utilizam esta rota voam para o Equador e depois seguem para norte, até à fronteira entre os EUA e o México.

Os imigrantes chineses entrevistados pela Associated Press disseram que procuram escapar de um clima político cada vez mais repressivo e de perspectivas econômicas sombrias.


Quantos migrantes chineses passam pelo Darién Gap?

O número mensal de imigrantes chineses que atravessam o Darién tem aumentado gradualmente, de 913 em Janeiro para 2.588 em Setembro. Durante os primeiros nove meses deste ano, as autoridades de imigração panamenhas registaram 15.567 cidadãos chineses que atravessaram o Darién. Em comparação, 2.005 chineses caminharam pela selva em 2022, e apenas 376 no total de 2010 a 2021.

Na fronteira entre os EUA e o México, a Patrulha da Fronteira efectuou 22.187 detenções de chineses por cruzarem ilegalmente a fronteira do México entre Janeiro e Setembro, quase 13 vezes o mesmo período de 2022. As detenções atingiram o pico de 4.010 em Setembro, um aumento de 70% em relação a Agosto. A grande maioria eram adultos solteiros.

O aumento ocorre à medida que mais pessoas estão deixando a China. As Nações Unidas projectaram que a China perderá 310 mil pessoas através da emigração este ano, em comparação com 120 mil em 2012.

A rota é viável para imigrantes chineses porque eles podem voar para o Equador sem visto. De Quito, eles se juntam aos latino-americanos para viajar pelo outrora impenetrável Darién e por vários países da América Central antes de chegar à fronteira com os EUA. A jornada é bastante conhecida e tem seu próprio nome em chinês: ande na linha, ou “zouxian”.

https://www.gazetanews.com/imigracao/2023/11/474422-aumenta-numero-de-chineses-que-atravessam-a-selva-do-panama-para-chegar-aos-eua.html

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Fernando_Silva
2023-Novembro-4
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China quer mandar as mulheres de volta para a cozinha

Solução do Partido Comunista para a crise demográfica do país e a desaceleração da economia é empurrar as mulheres de volta aos papéis tradicionais
Por Alexandra Stevenson em The New York Times — Pequim 02/11/2023

[...]

O que foi notável foi como as autoridades minimizaram a igualdade de gênero. Em vez disso, concentraram-se em usar a reunião para fazer avançar o objetivo de Xi para as mulheres chinesas: casar e ter filhos. No passado, as autoridades abordaram o papel que as mulheres desempenham em casa, bem como na força de trabalho. Mas no discurso deste ano, Xi não fez qualquer menção às mulheres no trabalho.

Mudança histórica: população da China diminui pela primeira vez em mais de 60 anos

O partido precisa desesperadamente que as mulheres tenham mais filhos. A China foi empurrada para uma crise demográfica à medida que a sua taxa de natalidade despencou, fazendo com que a sua população diminuísse pela primeira vez desde a década de 1960. As autoridades estão lutando para desfazer o que os especialistas consideram ser uma tendência irreversível, tentando uma iniciativa após outra, como doações em dinheiro e benefícios fiscais para incentivar mais nascimentos.

Confrontado com uma crise demográfica, uma economia em desaceleração e o que vê como uma ascensão teimosa do feminismo, o partido optou por empurrar as mulheres de volta para casa, apelando-lhes para criarem os jovens e cuidarem dos idosos. O trabalho, nas palavras de Xi, é essencial para “o caminho da China para a modernização”.

Mas para alguns, a sua visão parece mais uma regressão preocupante.

— As mulheres na China têm ficado alarmadas com a tendência e têm reagido ao longo dos anos — disse Yaqiu Wang, diretor de pesquisa para Hong Kong, China e Taiwan da Freedom House, uma organização sem fins lucrativos com sede em Washington. — Muitas mulheres na China estão empoderadas e unidas na sua luta contra a dupla repressão na China: o governo autoritário e a sociedade patriarcal.

Feminismo é visto como desafio ao PC

O partido não conseguiu responder a muitas preocupações, encarando algumas questões levantadas pelas mulheres como um desafio direto à sua liderança. Explosões de discussão sobre assédio sexual, violência de gênero e discriminação são silenciadas nas redes sociais. O apoio às vítimas é muitas vezes extinto. Feministas e ativistas declarados foram presos, e um movimento #MeToo que floresceu brevemente em 2018 foi empurrado para a clandestinidade.

[...]

Jovens nas cidades rejeitam papel tradicional

Enviar as mulheres de volta para casa e para fora da força de trabalho também é conveniente numa altura em que a China enfrenta o seu maior desafio econômico em quatro décadas e o governo está sob pressão para melhorar um sistema de segurança social que está gravemente subdesenvolvido e incapaz de apoiar um país que envelhece rapidamente.

— As mulheres sempre foram vistas como um instrumento do Estado, de uma forma ou de outra — disse Minglu Chen, professora da Universidade de Sydney que estuda gênero e política na China. — Mas agora temos de pensar na economia política da China. É benéfico para o partido enfatizar o retorno das mulheres para casa, onde podem cuidar das crianças e dos idosos.

No entanto, a tendência de menos casamentos e nascimentos vem sendo desenvolvida há anos, e Xi está conduzindo as mulheres para um papel que há muito rejeitam. Muitas mulheres jovens e instruídas nas maiores cidades da China apreciam a sua independência financeira e são cautelosas em relação ao casamento devido à pressão sobre elas para terem filhos e desistirem de tudo.

Os jovens adultos expressaram ambivalência em relação a casar e estabelecer-se, e preocupam-se com o futuro à medida que a economia cai e o desemprego sobe. A China também está entre os países mais caros do mundo para criar um filho.

Apesar de todos os apelos de Xi às mulheres para que assumam a causa de ter filhos, é pouco provável que os esforços do partido aumentem a taxa de natalidade o suficiente para reverter o declínio populacional do país. Isto é, a menos que ele esteja disposto a recorrer a medidas mais punitivas para prejudicar ou marginalizar as mulheres que optam por não ter filhos.

https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2023/11/02/china-quer-mandar-as-mulheres-de-volta-para-a-cozinha.ghtml

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