Cinzu
Fernando_Silva
Alguém já disse que o método funciona muito bem, só que é usado para enfiar ideologias na cabeça dos alunos em vez de conhecimentos úteis.
Para haver doutrinação, há de se considerar que o método deve ter alguma eficácia.
Mas, tirando a parte ideológica, o problema em geral é isso que o colega apontou: o método foi inicialmente desenvolvido para a alfabetização de adultos e posteriormente extrapolado para crianças e adolescentes sem o devido embasamento e adaptações.
O método é ultrapassado, limitado e incompleto. Além disso, a educação "libertadora" (que na prática mais aprisiona do que liberta) desconsidera a principal forma de aprendizado natural do cérebro: a assimilação de padrões por repetição.
Na verdade o Paulo Freire usa um método do e um cara chamado de Frank Charles Laubach (1884-1970) um missionário e educador americano, conhecido por seu trabalho pioneiro em alfabetização de adultos ao redor do mundo. Ele criou o método de ensino "Cada Um Ensina Um" (ou
Each One Teach One), que incentivava alunos recém-alfabetizados a ensinar outras pessoas, criando uma rede de alfabetização que se expandia rapidamente. Laubach começou seu trabalho nas Filipinas na década de 1930, onde desenvolveu métodos simples e eficazes para ensinar leitura e escrita em idiomas locais, adaptando seu sistema para diferentes línguas e culturas.
O método de ensino de Frank Laubach e o de Paulo Freire têm em comum o enfoque na alfabetização de adultos e no fortalecimento do vínculo entre a educação e a realidade dos educandos. Ambos os métodos compartilham características essenciais, como:
1. **Educação como Ferramenta de Transformação**: Ambos viam a alfabetização não apenas como um processo de ensino de leitura e escrita, mas como um meio de transformar a realidade social dos educandos, capacitando-os para enfrentar as desigualdades.
2. **Valorização da Cultura Local**: Tanto Laubach quanto Freire incorporavam o contexto cultural dos alunos em suas abordagens. Laubach adaptava seu método para diferentes línguas e culturas, enquanto Freire propunha uma educação dialógica, na qual as palavras geradoras e temas de estudo vinham da vida cotidiana dos alunos.
3. **Metodologia Dialógica e Participativa**: Paulo Freire é famoso por defender o diálogo na educação, com o educador e o educando como parceiros no processo de aprendizagem. O método Laubach, embora menos politizado, também incentivava uma interação ativa dos alunos, promovendo o aprendizado em pequenos grupos e incentivando a troca de conhecimentos.
4. **Foco na Autonomia do Aluno**: Ambos os métodos tinham o objetivo de desenvolver a autonomia do aluno, de forma que ele pudesse se tornar um sujeito ativo, capaz de tomar decisões e transformar seu ambiente social.
Enquanto o método de Laubach é mais voltado para a prática de leitura e escrita com foco na simplicidade e universalidade, o método de Paulo Freire envolve uma abordagem crítica e política, incentivando a conscientização e o questionamento das estruturas de poder. Ambos, no entanto, compartilham o ideal de empoderamento do educando por meio da alfabetização e da educação.