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'Não, remota tribo amazônica não se viciou em pornografia'
Repórter do New York Times mostrou chegada da internet de alta velocidade a aldeia do povo Marubo
Por The New York Times — 14/06/2024
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Durante uma visita de uma semana, vi como eles usavam a Internet para comunicar entre aldeias, conversar com entes queridos distantes e pedir ajuda em emergências. Muitos Marubo também me disseram que estavam profundamente preocupados com a possibilidade de a ligação com o mundo exterior alterar a sua cultura, que preservaram durante gerações ao viverem nas profundezas da floresta. Alguns idosos reclamaram de adolescentes grudados em telefones, conversas em grupo cheias de fofocas e menores que assistiam pornografia.
Como resultado, a história que publicamos em 2 de junho foi, em parte, sobre a introdução do povo Marubo aos males da Internet.
Mas após a publicação, esse ângulo assumiu uma dimensão totalmente diferente. Na semana passada, mais de cem sites em todo o mundo publicaram manchetes que afirmam falsamente que os Marubo se tornaram viciados em pornografia. Ao lado dessas manchetes, os sites publicavam imagens do povo Marubo em suas aldeias.
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O povo Marubo não é viciado em pornografia. Não havia nenhum indício disso na floresta, e não havia nenhuma sugestão disso no artigo do The New York Times.
Em vez disso, o artigo mencionava uma reclamação de um líder Marubo de que alguns menores Marubo haviam compartilhado pornografia em bate-papos em grupo do WhatsApp. Isto era especialmente preocupante, disse ele, porque a cultura Marubo desaprova até mesmo o beijo em público.
Atualmente, esses tipos de sites e manchetes enganosas são apenas mais uma parte da economia da internet. Para um usuário informado da internet, suas táticas são familiares.
Para os Marubo, porém, a experiência foi desconcertante e enfurecedora.
— Essas alegações são infundadas, falsas e refletem uma corrente ideológica preconceituosa que desrespeita nossa autonomia e identidade — disse Enoque Marubo, o líder Marubo que trouxe a Starlink às aldeias de sua tribo, em um vídeo postado online no domingo à noite.
https://oglobo.globo.com/brasil/noticia/2024/06/14/nao-remota-tribo-amazonica-nao-se-viciou-em-pornografia.ghtml