Religião é Veneno
Pergunta sobre meta de inflação
Autor: NadaSei | Categoria: Laicismo, Política e Economia | Visualizações: 569 Comentários: 61
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NadaSei
2024-Outubro-27
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É informação básica no Brasil hoje de que a taxa de juros está alta porque o governo gasta muito e isso causa inflação, portanto o BC precisa subir a taxa de juros para frear a inflação.

Joia, mas essa informação esconde um problema na forma como "inflação" é definida pelo governo, pela mídia e até pelos economistas consultados.
Existem dois fenômenos distintos que são chamados pelo mesmo nome "inflação":
1 - O aumento do preço de produtos e serviços.
2 - A desvalorização da moeda.

Se o governo está imprimindo dinheiro e fazendo divida para gastar e com isso desvalorizando a moeda, como subir a taxa de juros impediria isso?
O aumento da taxa de juros pode talvez conter o aumento de preços, mas não a desvalorização da moeda que é uma coisa distinta.
Mas como ambas as coisas são chamadas pelo mesmo nome a lógica de aumentar juros para conter a "inflação" até parece correta, mas na verdade ela não tem nenhum poder real de impedir a emissão de moeda e o endividamento publico por parte do governo, o que me parece então que no fim talvez a medida seja na verdade ilusória e talvez não só não resolva problema nenhum, como talvez até seja mais uma intervenção estatal na economia que faz mais mal do que bem.

Alguém com mais entendimento de economia do que eu pode me explicar isso?
Faz realmente sentido aumentar juros porque o governo está desvalorizando a moeda?
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Gorducho
2024-Outubro-27
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Nowadays = de rigueur entre Economistas estabelecer como variáveis de controle índices de aumentos de preços e não as quantidades de moeda circulantes (plural pra considerar as diferentes medições possíveis, es decir: M1, M2...) vis-à-vis indicadores de produção real. Desculpa pra justificarem emissão, claro.
Aí taxa de juros temporariamente contém demanda (= aumentos de preços). Mas seguindo as emissões, os preços acabam subindo irreversivelmente, claro.
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NadaSei
2024-Outubro-27
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Gorducho

Nowadays = de rigueur entre Economistas estabelecer como variáveis de controle índices de aumentos de preços e não as quantidades de moeda circulantes (plural pra considerar as diferentes medições possíveis, es decir: M1, M2...) vis-à-vis indicadores de produção real. Desculpa pra justificarem emissão, claro.
Aí taxa de juros temporariamente contém demanda (= aumentos de preços). Mas seguindo as emissões, os preços acabam subindo irreversivelmente, claro.

Então, mas qual a vantagem de conter a demanda e frear a alta de preços ao consumidor?
Preços são e deveriam ser o resultado entre oferta e demanda e preços subindo e descendo ao representar a demanda real da sociedade não deveriam ser um problema.

A "Inflação" enquanto resultado da oferta e demanda é ou deveria ser irrelevante. A tentativa de controlar essa inflação de preços interfere na oferta e na demanda.
Qual a razão real para interferir nisso? Qual o ganho nessa intervenção?

Esse tipo de intervenção só tira a liberdade econômica do mercado.

O problema é que essa intervenção por si só não impede minimamente o governo de continuar emitindo dívida e imprimindo moeda.

Pelo que eu estou entendo estão chamando duas coisas diferentes pelo mesmo nome e atrapalhando o mercado com uma intervenção que não impede os atos inflacionarios do governo que são um fenômeno distinto.

A única coisa que eu não entendo é se existe de fato alguma lógica nessa intervenção e se ela realmente trás algum benefício dados os atos do governo na desvalorização da moeda.

Conter artificialmente a alta de preços ao consumidor,  distorcendo oferta e demanda, é de algum benefício real numa situação onde o governo desvaloriza a moeda?

Ou será que a intervenção cria ainda mais problemas porque erroneamente tenta controlar uma "métrica" que na verdade é falsa porque mistura numa medida só dois fenômenos distintos?
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Gorducho
2024-Outubro-28
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Sr. NadaSeiEntão, mas qual a vantagem de conter a demanda e frear a alta de preços ao consumidor?
Preços são e deveriam ser o resultado entre oferta e demanda e preços subindo e descendo ao representar a demanda real da sociedade não deveriam ser um problema.

A "Inflação" enquanto resultado da oferta e demanda é ou deveria ser irrelevante. A tentativa de controlar essa inflação de preços interfere na oferta e na demanda.
Do livro Introdução à Economia, de José Paschoal Rossetti, que tenho desde os bancos escolares:
a inflação é caracterizada pela contínua, persistente e generalizada expansão dos preços.
Inflação é a "febre". Inflação é consequencia da derivada dt da razão entre os AGREGADOS (macro)
[meio circulante]÷[oferta]
oferta¹ (= inflação) deve-se a alguma tragédia. Difícil controlar em curto prazo e meio circulante pra compensar cria recessão geralmente trágica.
meio circulante (= inflação) é o que sói fazerem.

O problema é que essa intervenção por si só não impede minimamente o governo de continuar emitindo dívida e imprimindo moeda.
👍por isso mesmo que essa moda atual das "metas" = absurdo.
Pelo que eu estou entendo estão chamando duas coisas diferentes pelo mesmo nome e atrapalhando o mercado com uma intervenção que não impede os atos inflacionarios do governo que são um fenômeno distinto.
Problema tá na variável de controle (= "meta") da forma como é moda hoje. Es decir: sem controlar diretamente {M1, M2...}.
dados os atos do governo na desvalorização da moeda.
Desvalorização da moeda beneficia exportadores.
Ou será que a intervenção cria ainda mais problemas
Intervenção via tx. juros = melhor que nada. Se não vira Argentina, Venezuela...
erroneamente tenta controlar uma "métrica" que na verdade é falsa porque mistura numa medida só dois fenômenos distintos?
Por isso mesmo quo o foco tem que ser a quantidade de meio circulante (= os agregados monetários).
Em suma se bem o interpreto o Sr. tem toda razão: tá tudo errado c/a moda.
________________________________________________
¹ Note: AGREGADA, macro = redução generalizada de oferta no lugar. 
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Judas
2024-Outubro-28
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Sendo eu alguém mais interessado em saber as respostas para a pergunta do tópico do que alguém capaz de responde-las, aqui vão uns pitacos.

Tem uma discussão antiga sobre se imprimir dinheiro causa ou não inflação, coisa de keynesiano como o Ciro Gomes.
Esta discussão existe porque Keynesianos alegam que imprimir dinheiro não causa inflação necessariamente caso a economia do país cresça se o capital criado do nada for investido em coisas que vão alavancar a economia.

O outro lado alega que, coincidentemente, toda vez que se resolve imprimir muito dinheiro e injetar na economia o que se sucede são altas de preços/desvalorização da moeda.
Daí os Keynesianos fazem como o PT. Dizem que a culpa não é da impressão de dinheiro mas sim de:
 1- Não foi investido corretamente
 2- Teve uma crise sei lá onde
 3- O neoliberalismo...


EUA talvez tenho sido uma exceção porque imprimiam a moeda que era reserva de valor ao mesmo tempo e a economia crescia bastante no pós guerra. Isso foi uma exceção e Keynesianos tomam como regra.
Eu disse talvez porque o Dólar também se desvalorizou muito se contarmos  desde os anos 50. Isso deve ter a ver com a questão do padrão ouro mas disso não entendo nada.
A única coisa que estas pessoas parecem não enxergar é que quanto mais conservador melhor.
Primeiro colocar menos barreiras pra que seja possível fazer negócios e acumular capital(poupança) e DEPOIS disso pegar o que está acumulado e fazer investimentos.
No processo pode haver alavancagem com a aquisição de empréstimos mas isso apenas se estivermos falando de iniciativa PRIVADA e bilateral, tanto o tomador de empréstimo quanto o credor.
Quando o estado entra na jogada o resultado é invariavelmente distorção no mercado e transferência de renda de pobres para ricos.

O Acauan citou o economista dono da frase mas me falta tempo pra procurar lá no tópico. Ele o citou exatamente neste tópico sobre imprimir dinheiro como uma ideia "jenial" do Ciro Gomes.
"Em economia aquilo que não é óbvio é besteira."
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Gorducho
2024-Outubro-29
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Sr. Judasimprimir dinheiro não causa inflação necessariamente caso a economia do país cresça se o capital criado do nada for investido em coisas que vão alavancar a economia.‍
Como falei acima, inflação depende da razão entre a quantidade de meio circulante e "oferta". Se a produção sobe ou o dinheiro emitido for usado pra comprar máquinário pra produção não terá inflação.
Se quiser visualizar a "fórmula" em LaTeX: \frac{d(\frac{$}{o})}{dt}  
· Note que a teoria Keynesiana foi feita pra Depressão dos '30 quando e.g. ≈ ¼ desemprego na Alemanha, &c...
· No Covid-19 foi necessário mesmo o BCE imprimir dinheiro, eis que absurdo seria levar a 1 falência generalizada dado o confinamento decretado.

EUA talvez tenho sido uma exceção porque imprimiam a moeda que era reserva de valor ao mesmo tempo e a economia crescia bastante no pós guerra. Isso foi uma exceção e Keynesianos tomam como regra.
America teve e tem a vantagem justo do $ ter virado a reserva de valor. Então eles puderam e ainda podem exportar os $s imprimidos e obterem mercadorias em troca, bem como turistarem &c. Quase que literalmente ter o toque de Midas❗
No processo pode haver alavancagem com a aquisição de empréstimos
Por isso a principal variável de controle tem que ser {Mi} — e cada Autoridade Monetária modelando esse conjunto de acordo c/sua realidade, claro.
Se não alavancagem gera bolhas — vide e.g. 2008.
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Fernando_Silva
2024-Outubro-29
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Judas

Esta discussão existe porque Keynesianos alegam que imprimir dinheiro não causa inflação necessariamente caso a economia do país cresça se o capital criado do nada for investido em coisas que vão alavancar a economia.
O dinheiro em circulação tem que corresponder aos bens e serviços disponíveis.
Quanto mais produção, mais dinheiro tem que haver.
A inflação ocorre quando se imprime dinheiro numa economia estagnada.
Neste caso, estamos apenas botando água no feijão.
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Judas
2024-Outubro-29
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Gorducho

Sr. Judasimprimir dinheiro não causa inflação necessariamente caso a economia do país cresça se o capital criado do nada for investido em coisas que vão alavancar a economia.‍
Como falei acima, inflação depende da razão entre a quantidade de meio circulante e "oferta". Se a produção sobe ou o dinheiro emitido for usado pra comprar máquinário pra produção não terá inflação.
Se quiser visualizar a "fórmula" em LaTeX: \frac{d(\frac{$}{o})}{dt}  
· Note que a teoria Keynesiana foi feita pra Depressão dos '30 quando e.g. ≈ ¼ desemprego na Alemanha, &c...
· No Covid-19 foi necessário mesmo o BCE imprimir dinheiro, eis que absurdo seria levar a 1 falência generalizada dado o confinamento decretado.

EUA talvez tenho sido uma exceção porque imprimiam a moeda que era reserva de valor ao mesmo tempo e a economia crescia bastante no pós guerra. Isso foi uma exceção e Keynesianos tomam como regra.
America teve e tem a vantagem justo do $ ter virado a reserva de valor. Então eles puderam e ainda podem exportar os $s imprimidos e obterem mercadorias em troca, bem como turistarem &c. Quase que literalmente ter o toque de Midas❗
No processo pode haver alavancagem com a aquisição de empréstimos
Por isso a principal variável de controle tem que ser {Mi} — e cada Autoridade Monetária modelando esse conjunto de acordo c/sua realidade, claro.
Se não alavancagem gera bolhas — vide e.g. 2008.
Pra mim a impressão de dinheiro deve ser a consequência da economia crescer: Como regra.
Exceções como a crise de 1929 e o COVID devem ser tratadas como tais.
Mas isso parece ser ponto pacífico aqui.

O resultado de adotar essa bosta keynesiana como regra é uma das ferramentas mais poderosas de concentração de renda, formação de elites e diminuição da classe média.
Sem classe média maior que todas as demais, sem democracia funcional.


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Cinzu
2024-Outubro-29
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O fenômeno que você descreve é a expansão da base monetária. A inflação, é consequência. Mas não obrigatoriamente o primeiro resulta no segundo.

Se a expansão da base monetária for acompanhada de crescimento econômico e aumento do PIB, o aumento da inflação ocorrerá de forma controlada e a moeda não será desvalorizada.

Por outro lado, se não houver crescimento econômico, que é o que geralmente acontece quando o governo tenta forçar esse crescimento, a moeda é desvalorizada e sai de controle.

A crítica do governo é que os juros altos do Bacen são um empecilho para movimentar a economia. E a defesa do Bacen é que a redução dos juros é necessária para conter uma inflação descontrolada.
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Cinzu
2024-Outubro-29
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NadaSei

Gorducho

Nowadays = de rigueur entre Economistas estabelecer como variáveis de controle índices de aumentos de preços e não as quantidades de moeda circulantes (plural pra considerar as diferentes medições possíveis, es decir: M1, M2...) vis-à-vis indicadores de produção real. Desculpa pra justificarem emissão, claro.
Aí taxa de juros temporariamente contém demanda (= aumentos de preços). Mas seguindo as emissões, os preços acabam subindo irreversivelmente, claro.

Então, mas qual a vantagem de conter a demanda e frear a alta de preços ao consumidor?
Preços são e deveriam ser o resultado entre oferta e demanda e preços subindo e descendo ao representar a demanda real da sociedade não deveriam ser um problema.

A "Inflação" enquanto resultado da oferta e demanda é ou deveria ser irrelevante. A tentativa de controlar essa inflação de preços interfere na oferta e na demanda.
Qual a razão real para interferir nisso? Qual o ganho nessa intervenção?

Esse tipo de intervenção só tira a liberdade econômica do mercado.

O problema é que essa intervenção por si só não impede minimamente o governo de continuar emitindo dívida e imprimindo moeda.

Pelo que eu estou entendo estão chamando duas coisas diferentes pelo mesmo nome e atrapalhando o mercado com uma intervenção que não impede os atos inflacionarios do governo que são um fenômeno distinto.

A única coisa que eu não entendo é se existe de fato alguma lógica nessa intervenção e se ela realmente trás algum benefício dados os atos do governo na desvalorização da moeda.

Conter artificialmente a alta de preços ao consumidor,  distorcendo oferta e demanda, é de algum benefício real numa situação onde o governo desvaloriza a moeda?

Ou será que a intervenção cria ainda mais problemas porque erroneamente tenta controlar uma "métrica" que na verdade é falsa porque mistura numa medida só dois fenômenos distintos?
Não é o Banco Central que está interferindo no mercado.

Quer, dizer, está.

Mas não é como se o mercado estivesse agindo em seu "curso" natural. Há um agente externo (governo) injetando dinheiro.

O Banco Central é uma forma de mitigação das próprias medidas artificiais causadas pelo governo e que podem causar o descontrole de preços.

‍Sobre o endividamento, que você mencionou antes, é um problema real e que o Banco Central não pode evitar.
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Gorducho
2024-Outubro-29
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Aliás coincidentemente hoje faz 95 anos da 3ª 29/10/1929!
Relacionado a inflação, o erro de não controlar a moeda.

A Grande Depressão por Lionel Robbins:
[pg. 53]
[...] the authorities of the Federal Reserve System took the momentous step of forcing a régime of cheap money. A vigorous policy of purchasing securities was initiated. 
[pg. 45]
[...] it is evident, if we take both the increase in credit and the increase in velocity into account, that the increase in the effective volume of money was very great indeed — that there was undoubtedly a most considerable inflationary movement. The effects of this are quite evident in the market for common stocks. The following chart shows the movement of the prices of such securities during the period under consideration. It is not necessary to labour the point that this was one of the most remarkable Stock Exchange booms in modern economic history.
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