Claro: agnosticismo = melhor ponto de partida pra investigar alguma coisa.
O agnosticismo a que eu me referia é o termo que é quase sinônimo de ateísmo mas que é usado como um eufemismo e que significa essencialmente "ateu mas não necessariamente muito hostil as religiões".
O agnosticismo a que você se refere é uma neutralidade relativa de uma opinião ou teoria com respeito a alguma variável ou fator ou hipótese que alguns julgam importar mas que a opinião ou teoria afirma não precisar ou depender para chegar numa conclusão.
Um ponto de partida para investigar alguma coisa é ser agnóstico a quase tudo que não importa tanto mas não pode ser completamente agnóstico - ele precisa apontar alguma tese que estabeleça relação entre coisas sendo investigada, de maneira que a tese possa ser refutada. Apenas aquilo que a teoria não é agnóstica a respeito é que permite dizer a teoria é válida, aquilo que a teoria se interessa por, a causa e a consequência.
Toda e qualquer coisa que existe em algum nível está a toda e qualquer outra coisa e qualquer teoria completa sobre por exemplo a política na Rússia do século XVIII deveria começar no Big Bang e falar dos dinossauros também, para ser completa. Mas para entender as coisas que aconteceram na Rússia no século XVIII é preciso cortar esses e quase todos os outros assuntos conhecidos e desconhecidos que não tem uma relação direta com as coisas que se passaram ali.
Ou seja, ser agnóstico nesse sentido é discernir entre o que importa mais ou menos para explicar alguma coisa, e criar modelos ou esquemas limitados para dar um contorno tratável a assuntos a serem abordados.Obs: eu historicamente venho me rotulando "agnóstico" após abandonar o Espiritismo na adolescência. Mas dia desses vi 1 vídeo no YouTube onde apresentava argumentos que seria preferível a opção por ateísmo eis que não há indícios d'1 50 - 50. Se achar o vídeo refiro ele cá. Mas por hora ainda me classifico agnóstico. Claro pendendo cada x + pro ateísmo.
Minha impressão não é a de que agnósticos se descrevem como agnósticos porque atribuem 50% de chance para Deus existir.
Eles se descrevem como agnósticos porque a palavra ateu invoca um grau de convicção definitivo a respeito do assunto da existência de Deus que eles pessoalmente não tem e que eles julgam ser impossível de chegar.
Mas não acho que eles pensam nisso em termos de probabilidade acima ou abaixo de um determinado patamar.
E toda S/argumentação acima só me deu razão quanto a quão péssimo seria usar tal rótulo, ainda que rotular possa ser conveniente pra fins de estudos.
Eu me declarei ateu por muitos anos, e não tenho nenhuma vergonha disso. Mas hoje eu não me rotulo ateu porque eu aprendi que a coisa que eu achava absurda ou contraditória a respeito da religião ou de Deus era na verdade um artefato da minha própria interpretação específica, idiossincrática e extremamente primitiva dessas coisas.
É natural você se tornar ateu se a sua idéia sobre o que é Deus ou o que as religiões querem dizer ainda for a mesma que você formou aos 5 ou 6 anos de idade, ou quando esses conceitos foram apresentados para você pela primeira vez.
A maioria das pessoas que se mantém crentes em Deus ou religiosas vão desenvolvendo ao longo da vida uma relação com os conceitos que faz com que a coisa amadureça junto com elas. Mesmo que elas não estudem teologia escolástica ou discussões filosóficas sofisticadas, elas também não ficam presas a imagens lúdicas ou meramente estéticas desses temas religiosos. Elas aprendem mais sobre o que a palavra quer dizer ao perceber como as coisas ali correspondem a aproximações de verdades universais importantes, que ninguém conseguirá exprimir ou entender com perfeição, e encaram Deus como sendo a fonte disso.
O ateu no entanto fica preso a uma interpretação literal pueril das figuras usadas para expressar esses conceitos, e ao encontrar coisas que parecem absurdas ou contraditórias ele se acha mais brilhante que o resto da humanidade quase que todo por ter chegado aquela conclusão "sozinho" na adolescência, sem saber que a conclusão que ele chegou "sozinho" na adolescência é algo que ocorreu a todo mundo que já pensou sobre o assunto por 5 min também, mas que algumas pessoas conseguiram perceber a relação de transcendência entre a representação e o que é representado, e ele não.