Religião é Veneno
Sr. El CidHá dias estou refletindo sobre isso e ainda não consegui articular uma crítica.
aconteceria um regresso infinito e não haveria um ponto de partida para todas essas mudanças.Estudando sequências & séries na Matemática acostumamo-nos ℅ fato que nem tudo precisa de "ponto de partida" (algumas séries são -♾️ + ...).
se algo muda de estado, é porque essa mudança está sendo causada por outro algo, que também está mudando de estado, simultaneamente.
ou uma coisa "puxa", ou ela é "puxada", isto é, ou ela tem o poder de causar mudança, ou ela é sujeita a mudança).O puxador, "causador" – motor – também é sujeito a mudança pra poder efetivar a própria ação. Motores em ação vão mudando de estado na coordenada t.
Sr. El Cid(c) Para fazer uma fogueira, você precisa de fogo (ou, mais tecnicamente, de calor; ou, ainda mais tecnicamente, de energia); para fazer gelo, você precisa de água; para fazer um girassol, você precisa de uma semente de girassol; para fazer uma sopa vermelha, você precisa de um líquido vermelho, ou de um soluto vermelho, ou de duas substâncias que, reagindo uma com a outra, produzam um líquido ou soluto vermelho. Ou seja, para se produzir um determinado efeito, é preciso que esse efeito esteja contido na causa dele.A Crença dos religiosos abraâmicos é que essa Cause Première Criou sim do nada.
O corolário desse princípio é que a causa primeira de todas as mudanças do universo tem que conter todos os efeitos delas. Ou seja, a fogueira, o gelo, o girassol e a sopa vermelha, e qualquer outra coisa no universo, têm que necessariamente existir na causa primeira. Caso contrário, de onde eles viriam? Do nada?
(d) Porém, tem-se aí um paradoxo: o fogo, a água, o DNA do girassol e a cor vermelha, e qualquer outra coisa no universo (com exceção do intelecto), são coisas materiais, e a causa primeira é algo imaterial; sendo assim, como coisas materiais podem estar contidas em algo imaterial?
Ou seja, a causa primeira pensa na fogueira, no gelo, no girassol e na sopa vermelha, e eles então existem. Logo, a causa primeira é inteligente. (e não só inteligente, mas também incomensuravelmente inteligente, pois contém, em sua mente, todas as coisas — nos seus mais mínimos detalhes — que formam o universo)👍essencialmente essa é a Crença deles: Ele tem na cabeça – ⬄ Universo das Ideias do Platão – e aí se bem Entender Materializa essas "Ideias". Análogo a se instanciar Classes na Informática.
Se eu estou digitando este post para você ler, é porque os meus dedos estão se movendo sobre as teclas do computador; [...] e se não fosse imutável, o problema do regresso infinito continuaria.Algumas idéias distintas estão misturadas aqui.
ufka CabecaoVi vários vídeos onde se sugere que após a teórica Morte Térmica do Universo e uma quantidade tão absurda de tempo que qualquer evento com chance maior que 0 irá ocorrer, flutuações quânticas podem gerar uma nova singularidade como o Big-Bang que por sua vez após outra quantidade absurda de tempo levaria a outra morte térmica e assim por diante.Se eu estou digitando este post para você ler, é porque os meus dedos estão se movendo sobre as teclas do computador; [...] e se não fosse imutável, o problema do regresso infinito continuaria.Algumas idéias distintas estão misturadas aqui.
Uma coisa é o princípio de causalidade, i.e. a idéia de que fenômenos da realidade que percebemos estão associados em termos de um sistema dinâmico, uma sequência inexorável de estados que se transformam de forma bem definida (i.e. que não depende de escolhas arbitrárias de parâmetros representação), e que em particular conservam certas quantidades características.
Outra coisa é o reducionismo, i.e. a idéia de existem escalas características e mutuamente consistentes nas quais sistemas podem ser decompostos em subsistemas, e aonde regras de transformação aparentes numa escala são propriedades emergentes de regras em outra escala (e.g. dedos apertando teclas e átomos interagindo de acordo com forças eletromagnéticas).
Podemos explicar o "porque" de um fenômeno nesses dois contextos - i.e. mudando de escala como manifestação aparente de fenômenos simultâneos de subsistemas componentes, ou como configuração de um sistema, i.e. dentro de uma sequência de transformações de estados que apresenta padrão consistente.
O que parece ser mais adequado aqui para o seu argumento é o princípio de causalidade que em particular nos permite extrapolar estados de uma sequência de eventos, tanto na direção do passado (i.e. das causas), quanto na direção do futuro (i.e. das consequências), relativo a um determinado conjunto de fatos observados e representados adequadamente.
O argumento então afirma que "uma cadeia de causalidade precisa parar em algum lugar". Isso pode parecer intuitivo por ser uma necessidade prática para determinarmos condições tratáveis para problemas de causalidade, mas é perfeitamente possível que o problema global de causalidade não seja tratável, simplesmente porque a cadeia global de causalidade não é finita. Nem toda sequência abstrata ordenada tem origem definida, ela pode se estender para os dois lados indefinidamente. O princípio da causalidade apenas impõe uma ordem definida para as coisas. As analogias com vagões de trem e outras coisas que tem um aspecto sequencial não são adequadas aqui. Trens são objetos finitos, mas a eternidade dos acontecimentos da realidade não precisa ser, e o princípio de causalidade por si só não impõe que ela seja. Você precisa impor outra coisa, um princípio adicional, de originalidade ou finitude do passado para isso. Mas isso é uma petição de princípio.
Assumindo que esse princípio de finitude do passado seja imposto, o seu argumento é o de que esse acontecimento original no tempo não é um estado como outro qualquer, por ser o primeiro da sequência, e portanto necessariamente "imutável" ou "completo". A lógica aqui parece ser a de que esse evento é especial, porque se não fosse, ele poderia ser extrapolado para trás, e se isso fosse possível, escolher esse evento como a origem da cadeia seria mais arbitrário do que se isso fosse impossível - i.e. esse evento precisa ser de uma natureza particular que torne a extrapolação de causalidade viável apenas na direção do futuro. Como estados representados por distribuições espaciais de energia e momento permitem a extrapolação nos dois sentidos, ele precisa ser de uma natureza diferente.
Em cosmologia alguns falam que isso é necessário devido a segunda lei da termodinâmica. Dado que a entropia aumenta indo para frente, ela reduz indo para trás. E dado que ela é positiva por constraução, você acaba tendo que parar em algum lugar (favor ignorar os acochambramentos). Stephen Hawking e Roger Penrose ficaram famosos por teoremas que mostram que dadas essas condições uma origem definida para o tempo precisa existir, em um estado de singularidade, i.e. um estado de densidade infinita de energia e pressão. Existem dois casos, o de singularidade no passado (a.k.a. Big bang) e de singularidade no futuro (a.k.a. o centro de massa de um buraco negro).
Meu problema com esse argumento é que entropia é sempre definida em termos de duas escalas em que coisas podem ser medidas, macro-estados (e.g. estatísticas tipo temperatura, e pressão) e micro-estados (e.g. a distribuição das partículas no espaço), e não me parece claro que essas escalas canônicas podem ser estendidas para trás ou para frente indefinidamente e de forma consistente. Mas fundamentalmente ele parece ser uma versão moderna e mais sofisticada do argumento Aristotélico e Tomista.
AleluionAté onde sabemos não existe o nada no universo, mesmo no mais completo vácuo, no espaço entre as galáxias com praticamente zero partículas existem eventos quânticos, o que é algo ao invés de nada.
Nada que há é uma causa sem efeito nem efeito sem causa. Dado que nada absolutamente é indício para uma causa primeira, então qualquer assunção que pressuponha uma causa primeira é absolutamente ad hoc.
Aleluion
Pode ser, mas se você compreende a noção de nada isso o torna existente, já dizia Gödel. Ou seja, o nada não há, mas é